quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Sete Faces...


                                                                                    Por Débora, Lara e Arthur Brito.

Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

                  Nessa primeira estrofe, o poeta se mostra deslocado do mundo em que vive, desde seus primeiros suspiros; sendo sua ‘missão’ ser “gauche”, que em francês seria aquele que não segue os padrões e hábitos sociais, ou seja, aquele que não se adequa à sociedade em que está inserido!

As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.

                 Já na segunda parte, segundo Lucas Lisboa, em seu blog de análises literárias, “a tarde teria um céu azul se não fossem as ganancias e cobiças humanas que enegrecem o céu com suas fumas de cigarros e carros pois um homem para conquistar uma mulher precisa ostentar-se precisa sujar o mundo e fazer-se brilhar para que sua corrida não seja em vão.”

O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.

                  Nesse excerto, o eu-lírico se mostra cada vez mais deslocado do mundo, que por mais rodeado de multidão, está cada vez mais “esquerdo” (gauche), indiferente e desligado dos fatos que estão contemporâneos à realidade que vive.



O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos    

o homem atrás dos óculos e do -bigode,


   O homem sério, que se esconde atrás de uns óculos e bigode, representa o próprio Drummond, que não se mostra interessado em inserir-se no grupo, ocultando-se por meio de adereços.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.



 Nesse momento, Drummond questiona uma entidade divinal, o porquê de o deixar ser um ser tão desviado dos padrões sociais, sendo que, desde seu nascimento, foi designado para tal papel.


 Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


  Agora Carlos afirma a imensa vastidão de seu coração, que, por ser tão deslocado, se firma numa solidão profunda. Que por mais que chamasse Raimundo – que o nome em sua gênese significa sábio, protetor, originário da união – não seria o suficiente para ir de encontro com o seu designo de solidão.


 Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


   Na última estrofe, o eu lírico admite ter se embriagado com a paisagem e sua atormentadora solidão, acompanhada de uma taça de conhaque, que o leva a expressar sentimentos e revelar verdades sobre si que nunca o fariam sóbrio

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