Este espaço é reservado à publicação de textos produzidos por Alunos do 2o Ano do Ensino Médio do Colégio COC-Palmas, Turmas A e B, durante aulas de Literatura, em 2017, estando dedicados à visitação do conjunto atemporal da vida e da obra de Carlos Drummond de Andrade .
Vamos juntos, procurando vislumbrar o que ainda pode haver daquela pedra no meio do caminho, já que "o presente é tão grande. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas."
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
Sete Faces...
Por Débora, Lara e Arthur Brito.
Quando
nasci, um anjo torto
desses
que vivem na sombra
disse:
Vai, Carlos! ser gauche na vida.
Nessa primeira estrofe, o poeta se mostra
deslocado do mundo em que vive, desde seus primeiros suspiros; sendo sua
‘missão’ ser “gauche”, que em francês
seria aquele que não segue os padrões e hábitos sociais, ou seja, aquele que
não se adequa à sociedade em que está inserido!
As
casas espiam os homens
que
correm atrás de mulheres.
A
tarde talvez fosse azul,
não
houvesse tantos desejos.
Já
na segunda parte, segundo Lucas Lisboa, em seu blog de análises literárias, “a
tarde teria um céu azul se não fossem as ganancias e cobiças humanas que
enegrecem o céu com suas fumas de cigarros e carros pois um homem para
conquistar uma mulher precisa ostentar-se precisa sujar o mundo e fazer-se
brilhar para que sua corrida não seja em vão.”
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
Nesse
excerto, o eu-lírico se mostra cada vez mais deslocado do mundo, que por mais
rodeado de multidão, está cada vez mais “esquerdo” (gauche), indiferente e desligado dos fatos que estão contemporâneos
à realidade que vive.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do -bigode,
O homem
sério, que se esconde atrás de uns óculos e bigode, representa o próprio
Drummond, que não se mostra interessado em inserir-se no grupo, ocultando-se
por meio de adereços.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Nesse
momento, Drummond questiona uma entidade divinal, o porquê de o deixar ser um
ser tão desviado dos padrões sociais, sendo que, desde seu nascimento, foi
designado para tal papel.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Agora
Carlos afirma a imensa vastidão de seu coração, que, por ser tão deslocado, se
firma numa solidão profunda. Que por mais que chamasse Raimundo – que o nome em
sua gênese significa sábio, protetor, originário da união – não seria o
suficiente para ir de encontro com o seu designo de solidão.
Mundo mundo vasto
mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Na
última estrofe, o eu lírico admite ter se embriagado com a paisagem e sua
atormentadora solidão, acompanhada de uma taça de conhaque, que o leva a
expressar sentimentos e revelar verdades sobre si que nunca o fariam sóbrio
Nenhum comentário:
Postar um comentário