Por Guilherme Freitas, Gabriel, Enzo e Henrick
O
poema abaixo, retrata o fazer poético de Carlos Drummond de Andrade durante seu
período pessimista (1951-1968), tendo como principal característica o fato de
ser uma obra de reflexão, hermética e intelectualizada (Concretismo), cujo
contexto seria o de um futuro nebuloso, com desesperança, tristeza e niilismo.
O
poema integra a seção “Amar-Amaro”, uma das nove divisões feita pelo autor em
sua “Antologia Poética”, organizando poesias de sua carreira como escritor. Alguns especialistas afirmam que essa divisão
mostra a preocupação do ser poético com o mundo exterior, bastante retratado no
cenário da 2a Guerra Mundial.
O
quarto em desordem
Na curva
perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor
que não sabe
como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar
a nuvem que
de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo
verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama
Acerca da leitura do poema,
temos a impressão de que se trata de uma crise de identidade, passada pelo
autor, cujo o motivo é não ser amado o suficiente. Pode ser visto como algo
estranho comparado a outros poemas, mas se encaixa, perfeitamente, no período
Pessimista. Um exemplo de desvinculação da temática social e uma volta ao
estudo do seu ser interior.
Nesse sentido, Drummond
publicou vários poemas durante esse período, tendo como exemplo clássico dessa
fase o poema “Instantes”, como pode ser observado abaixo:
Instante
Uma semente engravidava a tarde.
Era o dia nascendo, em vez da noite.
Perdia amor seu hálito covarde,
e a vida, corcel rubro, dava um coice,
mas tão delicioso, que a ferida
no peito
transtornado, aceso em festa,
acordava, gravura enlouquecida,
sobre o tempo sem caule, uma promessa.
A manhã sempre-sempre, e dociastutos
eus caçadores a correr, e as presas
num feliz
entregar-se, entre soluços.
E que mais, vida eterna, me planejas?
O que se desatou num só momento
não cabe no infinito, e é fuga e vento.
Ao analisarmos o soneto,
o autor relata o momento em que infere uma paixão, algo que se resume em um
prenúncio de amor, este, por sua vez, no verso “Uma semente engravidava a
tarde...” irrompe uma ideia para o poeta de recomeço.
Referência:
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/antologia-poetica-analise-da-obra-de-carlos-drummond-de-andrade/
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