quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Poemas da vertente "Amar-Amaro"

                                                                                     Por Guilherme Freitas, Gabriel, Enzo e Henrick


O poema abaixo, retrata o fazer poético de Carlos Drummond de Andrade durante seu período pessimista (1951-1968), tendo como principal característica o fato de ser uma obra de reflexão, hermética e intelectualizada (Concretismo), cujo contexto seria o de um futuro nebuloso, com desesperança, tristeza e niilismo.

O poema integra a seção “Amar-Amaro”, uma das nove divisões feita pelo autor em sua “Antologia Poética”, organizando poesias de sua carreira como escritor.  Alguns especialistas afirmam que essa divisão mostra a preocupação do ser poético com o mundo exterior, bastante retratado no cenário da 2a Guerra Mundial.

O quarto em desordem

Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo

verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama



Acerca da leitura do poema, temos a impressão de que se trata de uma crise de identidade, passada pelo autor, cujo o motivo é não ser amado o suficiente. Pode ser visto como algo estranho comparado a outros poemas, mas se encaixa, perfeitamente, no período Pessimista. Um exemplo de desvinculação da temática social e uma volta ao estudo do seu ser interior.

Nesse sentido, Drummond publicou vários poemas durante esse período, tendo como exemplo clássico dessa fase o poema “Instantes”, como pode ser observado abaixo:

Instante

Uma semente engravidava a tarde.

Era o dia nascendo, em vez da noite.

Perdia amor seu hálito covarde,

e a vida, corcel rubro, dava um coice,



mas tão delicioso, que a ferida

 no peito transtornado, aceso em festa,

acordava, gravura enlouquecida,

sobre o tempo sem caule, uma promessa.



A manhã sempre-sempre, e dociastutos

eus caçadores a correr, e as presas

 num feliz entregar-se, entre soluços.



E que mais, vida eterna, me planejas?

O que se desatou num só momento

não cabe no infinito, e é fuga e vento.



Ao analisarmos o soneto, o autor relata o momento em que infere uma paixão, algo que se resume em um prenúncio de amor, este, por sua vez, no verso “Uma semente engravidava a tarde...” irrompe uma ideia para o poeta de recomeço.



Referência:

http://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/antologia-poetica-analise-da-obra-de-carlos-drummond-de-andrade/

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