sexta-feira, 15 de setembro de 2017


 
                                                                           Por Ana Kariny, Arthur Costa e a Ana Vitória

Convívio

Cada dia que passa incorporo mais esta verdade, de que eles não vivem senão em nós
e por isso vivem tão pouco; tão intervalado; tão débil.
Fora de nós é que talvez deixaram de viver, para o que se chama tempo.
E essa eternidade negativa não nos desola.
Pouco e mal que eles vivam, dentro de nós, é vida não obstante.
E já não enfrentamos a morte, de sempre trazê-la conosco.

Mas, como estão longe, ao mesmo tempo que nosso atuais habitantes
e nossos hóspedes e nossos tecidos e a circulação nossa!
A mais tênue forma exterior nos atinge.
O próximo existe. O pássaro existe,
E eles também existem, mas que oblíquos! e mesmo sorrindo, que disfarçados...

Há que renunciar a toda procura.
Não os encontraríamos, ao encontrá-los.
Ter e não ter em nós um vaso sagrado,
um depósito, uma presença contínua,
esta é nossa condição, enquanto,
sem condição, transitamose julgamos amar
e calamo-nos.

Ou talvez existamos somente neles, que são omissos, e nossa existência,
apenas uma forma impura de silêncio, que preferiram.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, A FAMÍLIA QUE ME DEI.

E é essa frase da obra de Neil Gaiman (imagem que acompanha este post) que representa a produção de Carlos Drummond “convívio”.  Tal obra do autor é um dos poemas que completa a coletânea “A família que me dei” onde é retratada a reflexão sobre o atributo da memória.

Assim, tendo como base os artifícios supracitados, pedimos que os leitores desse conteúdo deixem suas reflexões acerca do tema como forma de integrar o conhecimento e de promover uma maior interação entre nós.



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